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Pr. Carlinhos Veiga

A Ressurreição e o Corpo

Alguns anos atrás eu tive uma conversa muito estranha com um amigo que se dizia cristão. Ele cria em Jesus, lia a Bíblia, orava, frequentava esporadicamente a igreja, mas não aceitava a ressurreição de Cristo como fato histórico. Conversamos algumas vezes, mas ele estava convicto: Jesus não ressuscitou. Cria que removeram o corpo de Jesus da tumba às escondidas ou então os primeiros cristãos inventaram esse acontecimento. Se retirarmos a ressurreição da doutrina cristã, implodimos com um dos pilares da fé. O cristianismo sem a ressurreição perde o sentido e o peso que o torna completamente distinto das demais religiões. A importância da ressurreição para a fé cristã é imensa. Se excluirmos das Escrituras os relatos do nascimento de Jesus dos Evangelhos (Natal), perderemos apenas dois capítulos de Mateus e dois de Lucas. Porém, se eliminarmos a ressurreição, perderemos todo o Novo Testamento e boa parte dos escritos dos pais da Igreja do segundo século. Mesmo assim percebemos que a verdade da ressurreição hoje está diluída. O sentido da ressurreição se perde por conta de alguns pensamentos e expectativas do mundo atual, relacionados com pensamentos do mundo antigo. O mundo pagão antigo não cria na ressurreição. Ele se dividia em duas linhas de pensamento: aqueles que apesar de não crerem esperavam um novo corpo, e aqueles que achavam que a alma sem corpo era muito melhor. Esses dois pensamentos estão presentes no mundo atual, como nos dias antigos. Por um lado, o mundo atual anseia pela imortalidade através de uma fonte da juventude. Com isso talvez aspirem pela continuidade dessa vida, a velha vida num novo corpo. Do outro lado vemos a ideia que invadiu a igreja há vários anos: de que a alma sem o corpo é bem melhor. Por isso tantos cristãos lidam com dificuldades quando o assunto é a materialidade corporal. Imaginam a Eternidade como um paraíso de desencarnados. Cristo Jesus morreu numa cruz. Mas venceu a morte! Ele ressuscitou. Este é o grande significado da Páscoa. Um brado de vitória. E porque Ele ressuscitou, ressuscitaremos com Ele, e, como Ele, viveremos a Eternidade com nossos corpos redimidos. A ressurreição não é a redefinição da morte, mas a sua derrota. Vemos que a Páscoa perdeu esse sentido da esperança cristã. Pouco celebramos a eternidade que nos foi preparada pelo Senhor. Pouco celebramos a morte e a ressurreição. Pouco nos lembramos que a Eternidade nos aguarda. Voltemos os olhos para essa magnífica obra realizada por Jesus em nosso favor. Ele é o nosso Senhor e o nosso Salvador. Ele vive. Aleluia!

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