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Pr. Carlinhos Veiga

Como Prédios Abandonados

Caminhar com Jesus não é tão fácil quanto pensa a maioria dos cristãos brasileiros. Aliás, esse negócio de dizer que o Brasil é um país cristão é algo bastante questionável. Creio que podemos dizer que somos cristãos apenas no sentido da tradição religiosa: por convenção social, batizamos crianças para que elas não cresçam como “pagãs”. E a partir daí passamos a considerá-las (e a nos considerarmos) cristãos.


Mas cristianismo é muito mais que isso. Ser cristão é render-se a Cristo, sujeitando-se inteiramente e integralmente a Ele. John Stott disse que “seguir a Cristo é renunciar a todas as outras lealdades”. É um alto preço! Pedro, Tiago e João, quando abraçaram o caminho de Cristo, literalmente deixaram tudo para seguir o Senhor (Lucas 5.11). Zaqueu, se desvencilhou de suas pendências éticas e morais para, uma vez livre, caminhar com Cristo (Lucas 19.8).


A fé cristã exige uma fidelidade radical. No entanto vemos que muitos cristãos contemporâneos têm se esquecido disso ao abraçarem valores seculares, associando-os a uma fé descomprometida. Fazem concessões, abrem mão de princípios claros estabelecidos pela Palavra de Deus, tentam unir sua religião a uma vida de prazeres e pecados... e o fim, como já era de se esperar, é frustração e um enorme vazio. Jesus nunca encorajou pessoas a se candidatarem impensadamente ao discipulado. Ele sequer fez pressão para que qualquer pretendente se rendesse a Ele. Ao contrário, por várias vezes suas palavras foram duras e desanimadoras: despediu entusiastas mostrando-lhes que o caminho da fé cristã exige abnegação e renúncia.


Ele mesmo alertou: “Se um de vocês quer construir uma torre, primeiro senta e calcula quanto vai custar, para ver se o dinheiro dá (...) Assim, nenhum de vocês pode ser meu discípulo se não deixar tudo o que tem” (Lucas 14.28,31,33). Stott diz que “o terreno cristão é coberto com os destroços de torres abandonadas, construídas pelas metades – como ruínas daqueles que começaram a construir e foram incapazes de terminar”. Gente que abraçou o discipulado, mas depois percebeu que o custo era alto demais e abandonou o plano inicial. Prédios abandonados, construções não concluídas, projetos inacabados.


Precisamos pensar seriamente nessa questão. A fé cristã é radical e o discipulado tem seu preço, aliás um alto preço. “Quem procura os seus próprios interesses nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo, porque é meu seguidor, terá a vida verdadeira” (Mateus 10.39).

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