Diferentemente do que muitos imaginam “missão” e “missões” possuem significados diferentes na missiologia. São mais do que “flexões gramaticais para indicativo de número de substantivos e adjetivos”. Missão, segundo Michael Goheen, “é a tarefa integral da igreja que é enviada ao mundo para testemunhar das boas-novas... é literalmente uma perspectiva da vida como um todo: a vida inteira do povo de Deus, tanto como uma comunidade reunida quanto como uma comunidade espalhada, que testemunha do senhorio de Jesus Cristo em todas as situações da vida humana”. Missão tem a ver com a nossa presença no mundo, nossa atuação, nossas relações e tudo o que desenvolvemos como Igreja. Engloba o nosso serviço de adoração a Deus, as nossas relações como irmãos em Cristo, a nossa atuação no mundo proclamando as boas novas e manifestando os sinais da graça por meio de nossas boas obras.
Por outro lado, missões “é parte desse papel maior que a igreja desempenha na história de Deus”. Missões tem por tarefa estabelecer um testemunho cristão em lugares onde não existe a presença da Igreja ou onde a sua atuação é pequena ou ínfima. A igreja que se compromete com a tarefa de fazer missões se dispõe a ir a países e localidades longínquos com o fim precípuo de anunciar o Evangelho de Jesus àquelas pessoas. Quase sempre missões tem a ver com avanços transculturais. Algumas igrejas abandonam missões ao privilegiar a missão na localidade onde está. Estão tão preocupadas com seus templos, seus programas, suas atividades locais que perde a visão que o reino de Deus deve se estender como testemunho a todas as nações do mundo. Outras são tão afeitas a missões transculturais que a privilegia como se ela fosse a única razão e motivo de ser da igreja. Vê a tarefa da igreja tão somente como o “ide e pregai aos povos”.
Normalmente a igreja que assim vive, imagina que na obra de Deus existe duas categorias de cristãos: os que vão e pregam aos povos distantes, e os que ficam e contribuem financeiramente. Uma igreja equilibrada e bíblica, segundo aprendemos nas Escrituras, deve atuar nesses dois polos. Precisa ser igreja que realiza a missão no local onde está, servindo ao Corpo de Cristo e à sociedade. Mas, concomitantemente, deve reconhecer que povos longínquos precisam ouvir e ver o evangelho de Jesus Cristo por meio de Sua igreja (At 1.8), e para isso deve indagar e apoiar os chamados por Deus a cumprir com a tarefa a eles designados pelo Senhor. Deve sustenta-los com suas orações e finanças enquanto se preparam para a tarefa e, depois, dão todo apoio e sustento quando eles estiverem no campo missionário. Enquanto isso, atua firmemente no local onde está.
Na história da Igreja temos muitas histórias impressionantes que nos inspiram à missão e missões. Igrejas locais transformaram sociedades inteiras através de seu testemunho e pregação, libertando encarcerados, manifestando os sinais de justiça e verdade, lançando luz sobre as trevas do pecado e da ignorância, pregando o Evangelho que restaura o ser humano à condição de filho de Deus. Vemos também igrejas indo aos lugares longínquos por meio de seus missionários, não sem lutas e dificuldades, e estabelecendo ali igrejas que cresceriam e se transformariam em luzeiros de Cristo. Para realizarmos a missão de Deus, quer seja na localidade onde estamos plantados ou nos lugares para onde o Senhor nos mandar, implicará em deixarmos nossa condição cômoda, nos levantarmos e dizermos: “eis-me aqui, Senhor. Usa-me para a Tua gloria, onde quiser”. Estamos nós dispostos a isto?
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