“(...) há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo. Quanto a estes, o seu destino é a perdição, o seu deus é o estômago e têm orgulho do que é vergonhoso; eles só pensam nas coisas terrenas." – Filipenses 3:18-19
Semana passada começamos nossa jornada de preparação para Páscoa. Falando sobre a salvação por meio de sua morte e ressurreição, Jesus diz: “se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto. Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida neste mundo, a conservará para a vida eterna” (Jo. 12:24- 25). O grão tem de morrer para geminar. É preciso abandonar certos pensamentos, sentimentos, comportamentos. É preciso deixar o poder da ressurreição nos transforme, e, mais do que isso, nos esforçarmos em colaborar com Deus por essa transformação. O apóstolo Paulo está atento a esta necessidade. Devemos viver de acordo com a graça que já alcançamos (Fp. 3:16). E, infelizmente, não são todos os que vivem desta forma. Alguns são inimigos da cruz de Cristo: “o seu deus é o estômago e têm orgulho do que é vergonhoso; eles só pensam nas coisas terrenas” (3:19). São pessoas dominadas pela cobiça, pela concupiscência: os desejos corrompidos da carne, impulsos contrários ao governo amoroso de Deus. Na carta de Filipenses, precisamos entender isto em duas direções. Primeiro, em relação a cultura romana imperial que celebrava o poder bélico e financeiro, esbanjando recursos em busca de conhecimento e sabedoria terrenas e/ou prazeres ligados a festas, bebidas e orgias. Impulsos primitivos: “seu deus é o estômago”, “têm orgulho do que é vergonhoso”. Segundo, em relação a possível influência judaizante, assunto de Paulo em Filipenses 3. Paulo está alertando os filipenses contra os legalistas que se apegavam a circuncisão e a justiça própria por meio da guarda dos costumes religiosos da Torah (Fp. 3:2-9). Estes também “só pensam nas coisas terrenas”: ainda que passem nelas o verniz dos esforços morais e religiosos. Para ambos, Paulo afirma: “seu destino é a perdição”. Que contraste imenso com a cidadania celestial (3:20) de Paulo, que afirma “para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (1:21). O apóstolo expressa uma confiança e uma liberdade incríveis. Paulo foi liberto de si mesmo: tanto de seus impulsos imorais (Rm. 7) quanto de seu esforço legalista (Fp. 3:1-7), porque reconheceu em Cristo algo infinitamente superior. Agora a vida dele é unida a Cristo, e ele não teme mais a morte – seja como o fim dos prazeres, seja como julgamento no tribunal divino. Sua confiança e liberdade são tanto para presente quanto para o futuro, e por isso ele pode anunciá-la e recomendar: “Não andem ansiosos” (4:6). Meus irmãos e irmãs, como precisamos aprender com Paulo! Como precisamos abandonar a cobiça, essa busca enganosa de prazeres e esforços terrenos, opostos a Deus, para desenvolver uma confiança capaz de afirmar “para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”. Cristo já venceu, já nos salvou, já nos fez dele. Nosso viver tem sido “Cristo”? Se não, tem sido “quem”? Arrependa-se hoje e busque ao Deus que te espera de braços abertos! Peça ajuda para fazer morrer a cobiça e ver germinar a confiança!
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