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  • Pr. André Pereira

As Duas Confissões do Espírito

“Abba, Pai!” (Rm. 8:15) e “Jesus é Senhor” (1Co. 12:3)


O primeiro domingo após o Pentecostes é celebrado como Domingo da Trindade. Em seu ministério, Jesus anuncia que enviará outro Conselheiro, o Espírito da Verdade (Jo. 14:16ss). Ele ajudará os discípulos a compreenderem como Jesus está em Deus-Pai, e Deus-Pai em Jesus. O Espírito Santo ensinará os discípulos tudo o que eles devem saber, relembrando os apóstolos do que Jesus ensinou (Jo. 14:26).


Ao celebrarmos o Pentecostes cristão, festejamos o fato de que já recebemos o Espírito Santo, o Conselheiro prometido. O Espírito está conosco, aqui e agora. É ele que nos desperta a fé, nos fazendo buscar a Deus. Comentando sobre a ação do Espírito Santo, o apóstolo Paulo nos diz que ele é responsável pelas duas confissões fundamentais da fé cristã: “Abba, Pai!” (Rm. 8:15) e “Jesus é Senhor” (1Co. 12:3). Em Romanos, Paulo explora o contraste entre a vida no Espírito (cap. 8) e a vida na carne (cap. 7). Antes de sermos salvos, éramos prisioneiros da lei do pecado (7:2), nada de bom habitava em nós (7:18) e por isso “dávamos fruto para a morte”(7:5). Vivíamos confiando em nosso próprio esforço (“carne”), e não conseguíamos realizar o bem que queríamos, pois éramos dominados pelo nosso egoísmo. Mas o Espírito da vida nos libertou da lei do pecado e da morte (8:2), habita em nós nos dando vida (8:11 e 23).


A vida egoísta, pautada no desempenho moral, nos escraviza com pressão e medo. Mas “vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos: ‘Aba, Pai’” (8:15). Não faz mais sentido sofrer rejeição, medo, desamparo. O Criador do Universo nos ama, nos aprova por meio de Jesus. Não faz mais sentido uma vida entregue ao egoísmo pecaminoso. Fomos adotados, acolhidos, cuidados: somos filhos e filhas de Deus. É o Espírito Santo quem faz isso, e nos permite a verdadeiramente chamarmos Deus de Pai. Aos cristãos de Corinto, Paulo escreve: “ninguém pode dizer: "Jesus é Senhor", a não ser pelo Espírito Santo” (1Co. 12:3). É claro que não se trata simplesmente de repetir as palavras da boca para fora. O contexto aqui é o abandono da idolatria: “Vocês sabem que, quando eram pagãos, de uma forma ou de outra eram fortemente atraídos e levados para os ídolos mudos” (12:2).


Se Jesus é nosso salvador e nosso Rei, reinando em nosso coração acima de todas as coisas, viveremos em união, governados por ele. Riquezas e vaidades (cap. 11 e 12) não serão impedimentos para vivermos e celebrarmos o corpo de Cristo (a comunidade da Igreja e o pão compartilhado na Ceia). “Jesus é Senhor” é a vida do Reino entre nós, onde “Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum” (12:4-7). Não há mais espaço para idolatria, para egoísmo, para solidão. “Jesus é Senhor” não é uma confissão individualista, é uma confissão pessoal, vivida em comunidade na família da fé. Precisamos do Espírito para verdadeiramente chamarmos Deus de Pai e Jesus de Senhor. Nos liberta do medo e da tirania da identidade construída em nosso próprio desempenho. Nos livra da idolatria, do egoísmo e vaidade. O Espírito nos conduz a vida trinitária, a vida comunitária. É tempo de Pentecostes, é tempo do Espírito, é tempo de desfrutar a Trindade: Jesus é Senhor! Abba, Pai!

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