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  • Pr. André Pereira

Exclusividade e Inclusividade do Evangelho

“Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus.”


No penúltimo domingo, começamos a conversar sobre a 1ª Carta de João. Uma carta contrária a falsos ensinos, que defendiam uma espiritualidade abstrata, sem compromisso com o próximo e com os mandamentos éticos de Deus – como se tudo fosse apenas “conceitos”. Uma carta que afirma que “Deus é amor” (4:16) e nos convoca a “amarmos uns aos outros” (4:12), imitando o amor tangível de Deus por nós, manifestado no fato de que “enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele” (4:9).


Nos três primeiros capítulos, vimos como o apóstolo apresenta dois caminhos: [1] de luz, vida e amor, permanecendo em Deus e seus mandamentos e [2] um de trevas, morte, descompromisso e hostilidade, vivendo de si para si mesmo. O quarto capítulo chega e nos faz um alerta: “não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo” (4:1). Não devemos acreditar em qualquer coisa. Devemos testar nossas crenças, examiná-las. Como faremos isto?


João continua: “Vocês podem reconhecer o Espírito de Deus deste modo: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus. Esse é o espírito do anticristo...” O Reino de Deus tem um Rei e Salvador: Jesus Cristo. Ser anticristo é ser contrário a salvação e ao governo amoroso de Deus, ser “antireino”.


Aqui, João faz uma afirmação que incomoda profundamente nossa sociedade plural: “todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus”. É uma indigesta afirmação de exclusividade em relação ao acesso a Deus, a verdade e a salvação. Negar o Rei é participar da rebelião, do pecado original, que quer tomar o conhecimento do bem e do mal e viver de acordo com suas próprias leis, regras e vontades. Como João aborda em seu evangelho, somente Jesus é o caminho, a verdade e a vida, único caminho. Em um mundo com tantas perspectivas, a afirmar a exclusividade não produz divisões, conflitos, tensões que vão de desgastes relacionais e até mesmo guerras?


Bem, depende do caráter das pessoas vinculadas a esta alegação de exclusividade. E o apóstolo João diz: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros” (4:10-11). Deus ama tanto que se entrega sacrificialmente para promover a reconciliação comigo e com você, que éramos inimigos dele em nossa condição de pecado. E ele nos pede para fazer exatamente o mesmo pelos outros: uma vida de amor e entrega sacrificial.


O cristianismo alega que todo aquele que não reconhece Jesus é anticristo e está contra Deus. Que em Cristo sabemos o que é a verdade – e, com isso, sabemos verdadeira justiça, beleza... e principalmente, verdadeiro amor. Fora de Cristo, até mesmo o “melhor” da existência é apenas parcial. Ao mesmo tempo, o mesmo Deus Trino afirma que enviou Jesus para propiciação de nossos pecados. Nós, que éramos anticristo em nossa vida rebelde, somos resgatados justamente pelo único Rei amoroso. Nisto consiste o amor: nós não amávamos a Deus, mas ele nos amou e enviou seu filho para nos resgatar de nossos caminhos egoístas que levavam a morte.


É arrogante a alegação cristã de que só em Jesus há caminho, verdade e vida? É perigosa? Pode promover divisões, contendas? Não podemos perder de vista o caráter de Jesus, a humildade com que ele se esvazia, a paz que ele oferece, o perdão e amor com que ele vai em direção aos seus inimigos.


“Visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros”. Como tem sido sua vida? Você tem demonstrado estas características, mesmo diante dos seus inimigos? Jesus de fato alega exclusividade. Ele é o caminho até Deus, ele – seja encarnado, seja revelado nas Escrituras como um todo - nos ensina como viver. Há um único caminho de luz, obediência e vida. Existem caminhos de trevas, pecado e morte. Ao mesmo tempo, Jesus estende a possibilidade deste caminho a todos. Não importa sexo, idade, etnia, classe social. Não importa o estilo de vida até agora. Diante do Rei, o currículo, as conquistas, os defeitos, fracassos, feridas... nada importa.


O convite do evangelho vai de encontro a cada pessoa, cada história: “O Reino está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho”. Por mais algumas poucas semanas ainda os cultos de domingo permanecerão apenas por meio virtual. Estamos pedindo orientação ao Senhor para saber o momento exato do retorno. Ore por isso. Ligue para os irmãos que há tempos não encontra e ore com eles. Estenda a mão àqueles que necessitam de apoio espiritual e financeiro. Não deixe de participar dos cultos e reuniões às terças, sextas e domingos, buscando fortalecimento na fé. E que Deus nos visite com sua cura! “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5.16b). A

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