Na Bíblia as imagens do pastor e da ovelha são referências a Jesus e seus discípulos. Podem parecer um tanto estranhas a nós, moradores das grandes cidades. E, mesmo que o campo faça parte da história de alguns, ainda assim essas imagens nos seriam esquisitas. Em nosso país, especialmente no Centro-Oeste, lidamos é com o gado: a curraleira, o zebu, o nelore. Na roça, todo fim de tarde é hora de “apartar” o gado, separando as vacas recém paridas, de seus bezerros. As vacas ficam num pasto próximo do curral se alimentando e gerando leite, enquanto que os bezerros ficam guardados no curral. Na manhã seguinte, é hora de unir a mãe, uma a uma, ao seu filhote. E, com um jeitinho bem sutil, o vaqueiro amarra o bezerro perto das tetas cheias da mãe e assim realiza a ordenha. Depois, libera o bezerro para mamar o restante. A cultura do vaqueiro com o gado, a gente conhece. Agora, do pastor com a ovelha a maioria nunca viu. Jesus se apresenta a nós como o bom Pastor. Ele é chamado de “o Supremo Pastor”, “o grande Pastor de ovelhas” e “Pastor e Bispo das vossas almas”. Inclusive a figura do Pastor do Salmo 23 nos remete a Ele. Isso significa que embora não tenhamos muito conhecimento da cultura ovina, especialmente a desenvolvida no Oriente, ela foi a imagem utilizada para Jesus nos ensinar sobre a relação que deseja ter conosco. O texto de João 10 é clássico. Em primeiro lugar, vemos que o Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas. O assalariado, representando um personagem oposto, não tem esse tipo de compromisso. As ovelhas são criadas no campo, guardadas por seu pastor dia e noite. Vez por outra, o rebanho sofre ataques de seus predadores, como o lobo. Será necessário enfrentar o inimigo. Mesmo sendo uma matilha, o corajoso pastor se colocará no papel de defensor e partirá para cima dos inimigos desferindo golpes com seu cajado. O assalariado, ao contrário, fugirá, com medo de perder a sua vida. Em segundo lugar, o Pastor conhece suas ovelhas pelo nome. Talvez essa relação pastor-ovelha não represente muito bem a cultura ovina no Ocidente dos nossos dias, onde as ovelhas são criadas para o corte. No Oriente, diferentemente, a criação visava a produção de lã. As ovelhas eram tosquiadas anualmente e por isso eram cuidadas carinhosamente para que vivessem muito tempo. O apego entre o pastor e sua ovelha era tanto que cada uma delas tinha um nome. E essa ação era recíproca. Bastava um assovio, ou um chamado, que as ovelhas, identificando a voz do seu pastor, vinham em sua direção. O Pastor conhecia as ovelhas, e as ovelhas o seu Pastor. Por último, o Bom Pastor, segundo João 10, tem claro diante de si, que além daquele rebanho havia outras ovelhas que não eram ainda daquele aprisco, mas que precisariam ser resgatadas. Bastariam ouvir a voz amorosa do Pastor para serem por Ele conduzidas e unidas às demais. Essas ações são representativas do cuidado de Jesus por nós. Nos falam do seu cuidado amoroso e protetor, do relacionamento de intimidade que Ele busca conosco, chamando-nos pelo nome, além da incessante busca pelas ovelhas que ainda estão longe, distantes, mas que ao ouvirem a sua voz, serão guiadas por Ele e unidas ao Seu grande rebanho. Esse é o pastorado que Jesus realiza. E é esse o modelo que nos deixa como exemplo a seguir. Nesse dia especial, em que participamos da ordenação ao pastorado do nosso querido Etevaldo Filgueiras Filho, ansiamos que essas palavras inspirem seu ministério diante do povo do Senhor. Que Ele nos encontre fiéis!
Jesus, O Bom Pastor
Pr. Carlinhos Veiga
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