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Pr. André Pereira

Mais que Conhecimento, Amor

“O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica. Quem pensa conhecer alguma coisa, ainda não conhece como deveria. Mas quem ama a Deus, este é conhecido por Deus." – 1 Coríntios 8:1b-3


No primeiro momento, a fala do apóstolo Paulo neste versículo nos surpreende. “O Conhecimento traz orgulho, o amor edifica”. Poxa, logo Paulo? Ele se tornou alguém que despreza o conhecimento, um anti-intelectualista? Certamente que não. No Novo Testamento, Paulo é o apóstolo que admiramos pela habilidade retórica elencando argumentos, o líder que instrui Timóteo a se apegar a Palavra e a doutrina, alertando as igrejas a respeito de falsos ensinamentos. O que está acontecendo, então? Paulo está afirmando que só conhecimento não é suficiente. Veja bem, não se trata de negligenciar o conhecimento. Ele é importantíssimo, necessário. Só não é suficiente. Os evangelhos expressam isso muito bem.


Em outro texto do calendário litúrgico para hoje, um demônio se dirige a Jesus: “O que queres conosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Sei quem tu és: o Santo de Deus!” (Mc. 1:14). O espírito imundo tem o conhecimento certo e veemente sobre Jesus: “Sei quem tu és!”... mas isso não basta. Você já achou que seu conhecimento religioso, doutrinário, era suficiente? É possível ter conhecimento certo e continuar a agir de forma rebelde contra Deus, destruindo a nós mesmo e a Criação. Confirmando isto, o apóstolo Tiago, irmão de Jesus, questiona em sua carta: “Você crê que existe um só Deus? Muito bem! Até mesmo os demônios crêem — e tremem! Insensato! Quer certificar-se de que a fé sem obras é inútil?” (Tg. 4:19-20). Tiago diz que se nossas doutrinas não frutificam ativamente em nossa vida, não valem nada. Paulo concordaria: “ainda que eu tenha (...) todo conhecimento (...) [se] não tiver amor, nada serei” (1Co. 13:2).


De que maneira seu conhecimento frutifica em amor e vida? Por isso, Paulo nos instrui a um caminho de humildade: “Quem pensa conhecer alguma coisa, ainda não conhece como deveria”. Ao ler a frase, talvez nos lembremos do célebre filósofo Sócrates afirmando que “Só sei que nada sei”. Há semelhanças e diferenças, ambas importantes! A postura geral é bem diferente. Paulo não está apenas questionando e questionando, sem nunca oferecer uma lição sólida. A resposta de Paulo não se baseia na razão, mas no ser de Deus, no amor inerente ao ser de Deus: “Mas quem ama a Deus, este é conhecido por Deus”. A razão e o conhecimento podem não ser suficientes, mas Deus é. Afirmei que este é um caminho de humildade. A razão disto é que Deus é eterno. É impossível esgotar nosso conhecimento sobre ele. Por isso “Quem pensa conhecer alguma coisa, ainda não conhece como deveria”. Nunca saberemos tudo sobre Deus, nunca “compreenderemos”, no sentido comprimindo e aprisionando Deus numa caixa racional.


Por outro lado, “quem ama a Deus, este é conhecido por Deus”. A eternidade de Deus não impede o relacionamento. Não impede avançar no conhecimento, no amor, na vida do Reino. Estamos sempre no processo, avançando (Fp. 3:12-14). E quanto mais avançarmos na participação da vida do Reino, “menos demoníacos” seremos: mais libertos de nós mesmos e do nosso orgulho ficamos. Estaremos mais dispostos a amar e cuidar uns dos outros. O conhecimento não será amor ao poder, orgulho, mas poder para amar, serviço. E o reino de Deus será expresso “entre nós”, nos relacionamentos, rendendo glória a Jesus!

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