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O Deus que habita entre os homens

Pr. Carlinhos Veiga

A ideia de um Deus que habita no meio dos homens não era algo comum entre os povos antigos. Soava estranho que um ser tão distinto transitasse no meio de homens comuns. No entanto, para Israel, essa era uma certeza teológica que traziam consigo. Nos tempos do Antigo Testamento, a primeira morada de Deus foi o tabernáculo no deserto. Deus ali habitava e ali o povo o buscava. Por isso era um local reverenciado. Durante toda a trajetória no deserto, por 40 anos, a tribo de Levi era encarregada de montar, desmontar e carregar a casa de Deus. E o faziam com muito temor e tremor. Era o Deus que se movia com o seu povo. Uma vez que Israel se estabeleceu na terra prometida, o tabernáculo foi mantido ainda por um tempo, até o momento em que uma casa fixa para Deus foi construída. Salomão, cumprindo os anseios de seu pai, o rei Davi, construiu um belo edifício cheio de detalhes artísticos que recebeu os objetos sagrados do tabernáculo e com eles a presença do Senhor. No prédio havia um aposento especial, o “Santo dos Santos”, onde somente o sumo sacerdote tinha acesso uma vez ao ano. Tanto o tabernáculo móvel no deserto como o templo fixo em Jerusalém eram a morada de Deus, e a palavra hebreia usada para morada era “MiShKaN”, derivada do verbo morar, tomar residência. Desse verbo, mais tarde, o judaísmo derivou o termo “Shekinah”, que significa a gloriosa presença de Deus. Pr. Carlinhos Veiga Com a destruição do templo, em 70 d.C., os rabinos criam que Deus havia levado sua Shekinah ao céu. No entanto, o Novo Testamento nos mostra que a glória divina, por conta da rebeldia de Israel, havia abandonado o templo e regressado em Cristo Jesus como novo Templo, nas palavras de João, aquele que “tabernaculou” entre os homens (Jo 1.14). Quando o Senhor se despediu de seus discípulos, anunciou a chegada do Espírito que seria a presença de Deus entre os homens. O Espírito Santo que habitaria a Igreja, fazendo dela presença de Deus neste mundo. Ou seja, se é possível ver hoje Deus caminhando entre os homens, é por meio do Seu povo que Ele caminha. A Igreja é o Templo do Espírito Santo. Somos o santuário do Eterno. Ah... se tivéssemos uma compreensão profunda dessas coisas. Certamente trataríamos melhor e com mais reverência as questões concernentes ao Corpo de Cristo, a maneira como nos relacionamos, como testemunhamos, como participamos dos cultos e demais celebrações de fé, como cuidamos da nossa vida espiritual. Zelaríamos, sem dúvida alguma, mais da nossa santificação pessoal e comunitária. Não podemos banalizar essa realidade, nem nos afastarmos dela. Jesus disse que estaria sempre conosco, até o fim dos tempos (Mt 28.20). Se estará conosco até o fim, como será quando chegarmos ao fim? Como se dará essa presença? Apocalipse 21.3 nos mostra: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá”. No futuro aguardado, o veremos face a face (Ap 22.4). A fé será mudada de uma “certeza de coisas que se esperam” para uma realidade concreta: nós o veremos com nossos olhos. “Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus”.

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